A Promoção da Imagem do Clube de Desbravadores e a Questão Financeira
Por Prof. Humberto Gimézez - Líder Máster Avançado
1.
INTRODUÇÃO
No contexto dos dias atuais, com uma grande
revolução tecnológica ocorrendo e um grande crescimento da riqueza mundial que
mudaram completamente o planeta, as pessoas, a natureza e a forma de viver
desses seres, o Ministério dos Desbravadores também deve se adaptar a essa nova
realidade.
Assim sendo, um dos mais importantes assuntos, e
que parece ainda estar muito em segundo plano em nosso meio diz respeito à
questão financeira. Em um mundo de avançadissíma tecnologia, temos que nos
aperceber que o Clube de Desbravadores deve avançar neste aspecto. Intimamente
ligado a isso, devemos desenvolver também a divulgação do Clube a fim de poder
ter acesso a uma melhor condição financeira.
Este trabalho pretende discutir estas questões e
apontar talvez algumas soluções sobre esse assunto de primeira importância.
2.
DIVULGAÇÃO
O diretor de um Clube de Desbravadores deverá, ao
formar a sua equipe de auxiliares, convidar um elemento que tenha bom
relacionamento na comunidade, ou pelo menos facilidade de comunicação e
expressão, além de imprescindível boa apresentação para o cargo de relações
públicas.
Este elemento será vital na proposta apresentada
neste trabalho. Se na Igreja mantenedora do clube não existir um elemento com
estas características deve-se procurar em outras igrejas próximas. Não havendo
em nosso meio, deve o diretor procurar tal auxiliar no grupo dos pais dos
desbravadores do seu clube. Persistindo a dificuldade (o que será pouco
provável) deve o diretor procurar junto aos simpatizantes da igreja, familiares
de membros da congregação (ou ainda não conversos) ou profissionais da área de
comunicação do município, que se tiverem a oportunidade de conhecer a fundo o
nosso trabalho, não se furtarão de nos prestar auxílio. No caso de se servir de
pessoas que não sejam membros da igreja, deve-se ter um cuidado especial com a
vida desta pessoa que vai representar o clube e também com o seu trabalho, como
ele vai apresentar o clube diante da comunidade.
Tendo já uma pessoa para liderar o trabalho de
divulgação do clube, é importante também a oração por esse trabalho e a
contribuição do pastor da igreja.
O próximo passo seria a elaboração de um projeto
de divulgação, com metas, objetivos e ações. A seguir passa-se ao cronograma de
atividades, considerando-se as necessidades e os objetivos propostos. É
importante perceber-se nesse cronograma de atividades a natureza das atividades
e a sua freqüência, para que não se sature a comunidade ou igreja e não se
passe uma imagem de querer aparecer. Talvez uma atividade por mês, ou um pouco
mais espaçada seria o ideal. Promoções muito distantes não surtem efeito, não
marcam a comunidade. Por outro lado, atividades muito freqüentes cansam e
saturam. As atividades devem buscar causar impacto na comunidade, identificando
o clube.
No atual contexto dos desbravadores, de
crescimento das regiões, deve-se perceber também que elas tem um papel a
desempenhar nessa divulgação dos clubes em geral, elaborando um plano de ação
que identifique o nome desbravadores na região.
Algumas medidas a serem adotadas no projeto de
divulgação:
1. utilizar sempre um nome identificador - clube de desbravadores,
desbravadores, slogan, etc.
2. adotar um ícone - triângulo, insígnia B, cor, etc.
3. adotar uma frase símbolo - por exemplo desbravadores uma eterna
aventura.
4. adotar um decalque padrão.
Essas medidas visam identificar o clube, pelo uso
continuado a fim de marcar as pessoas, de se promover uma imagem, de se tornar
um símbolo corrente naquela comunidade. Esses símbolos, ícones ou slogans devem
ser espalhados o mais possível e de forma bastante abrangente (sem se tornar
agressivo demais) a ponto de o símbolo ser conhecido e automatizado na mente
das pessoas. Pretende-se assim organizar uma verdadeira campanha de promoção da
imagem e de divulgação de seus serviços.
Outros procedimentos são também muito importantes
ainda que não diretamente ligados a promoção do clube, mas que servem para
promover uma imagem muito positiva do clube e também vão formando uma imagem
pública. Tal é o caso dos uniformes, que devem ser usados o máximo possível. O
clube não deve perder nenhuma oportunidade de ser visto e identificado. Sempre
me lembro dos escoteiros, que não levam a efeito nenhuma atividade sem estarem
devidamente uniformizados. Entretanto, quando passa um desbravador para a
reunião do clube, alguém percebe?!
2. 1.
ALGUNS CONSELHOS IMPORTANTES
O diretor não deve ser o relações públicas. Mas se
ele for do ramo, que prepare uma boa equipe para responder pelas demais
atividades do clube e se dedique então a este trabalho. O acúmulo de funções é
extremamente desgastante, o que poderá prejudicar algumas de suas funções, ou
até sua vida pessoal e profissional.
O relações deve ser bem conhecido junto aos
dirigentes empresariais, políticos e comunitários. Cuide para que a sua
atividade profissional não seja conflitante com as normas e princípios do
clube.
A abordagem aos dirigentes das entidades
comunitárias deve ser gentil e cortês, curta e diplomática. Evite assuntos
polêmicos ou que lhes obriguem a tomar posição de um outro lado da situação. Ao
se tocar em assuntos religiosos seja sempre cristocêntrico, evite a polêmica de
doutrinas pois este não é o objetivo de sua visita.
Nunca se deve “responder a altura” quaisquer
colocações irônicas ou provocadoras. Não se deve discutir. Apenas tente
prosseguir com seu trabalho ou, percebendo a dificuldade da situação, agradeça
a atenção e retire-se. Em uma situação dessa não há mais nada a ganhar, mas
ainda há muito a perder.
Sempre que possível o uniforme deve ser usado em
visitas a autoridades. Mostre orgulho em usar o uniforme. Este é um fator
motivador e que atrai atenção. Também demonstra organização e solidez de uma
organização.
Quando convidado a participar de atividades ou
solenidades deve-se fazer todo o esforço para comparecer. Não sendo possível,
envie um representante a altura do cargo e da solenidade. Evite chegar
atrasado. Caso o evento não seja condizente com nossos princípios é conveniente
comunicar por escrito e com antecedência a nossa ausência.
O relações públicas deve se portar impecavelmente
quando uniformizado em público. Além de estar representando o clube, por estar
uniformizado, ele chama muito mais a atenção.
Cabe ao relações públicas tentar se aperfeiçoar em
suas tarefas. Procure, na medida do possível, aconselhar-se com profissionais
da área e tente ampliar os conhecimentos aqui iniciados. Pesquise e leia
assuntos referentes a publicidade, propaganda e relações públicas.
O relações públicas deve ter sempre folhetos que
expliquem quem são os desbravadores, quem são os adventistas e seu trabalho
educacional e assistencial. O relações públicas precisa conhecer bem o clube,
seu funcionamento, sua história e suas atividades bem como seus ideais e sua
forma de organização. Não há nada mais desagradável que descobrir que nem mesmo
o divulgador conhece aquilo que promove. Isto gera desconfiança e a impressão
de falta de competência e de compromisso.
2.2.
DIVULGAÇÃO NA IGREJA
A divulgação na igreja é extremamente importante,
pois ela é a mantenedora do clube. Ora, se o clube não goza do apoio e da
confiança de sua mantenedora, quem o apoiará?! Entretanto, muitos diretores tem
dado pouca atenção a este fato. Acreditam que a igreja deve apoiar por
obrigação, incondicionalmente. Uma vez o clube existente terá de ter o apoio.
Porém, as coisas não acontecem assim. É necessário à igreja perceber o valor do
clube, é necessário ela acompanhar o trabalho desenvolvido. É mesmo necessário
ela ser convencida de que o clube vale a pena e é importante. A igreja é como
uma moça a ser conquistada pelo seu pretendente. Não basta o pretendente pensar: Se ela me ama
de qualquer forma ficará comigo. Não!!! É necessário agrada-la. É necessário
conquista-la. É preciso provar o seu valor. Sendo assim, na igreja também é
necessário uma verdadeira campanha de divulgação do clube, utilizando-se
imagens, frases, cartazes, uma verdadeira campanha publicitária.
Tenha uma forma eficiente de informar à igreja o
que o clube está fazendo, e de demonstrar que o clube está ativo. Não se esqueça
de que a igreja não vê o clube em atividade praticamente nunca. Então ela
precisa ser informada e isto deve ser feito com voluntariedade, de forma ativa,
que procure com energia atingir o membro mostrando-lhe as atividades dos
desbravadores. Organize-se um informativo mensal, ou divulgue as atividades no
boletim da igreja. Organize entrevistas no culto jovem, pregue uniformizado,
utilize o momento dos anúncios para divulgar as atividades do clube.
Algo que tem um efeito bombástico na igreja quando
muito bem executado é um programa especial, pois a igreja vê o desbravador
participar e aprender. Certa vez levantei um clube falido, sem diretoria, que
não se desenvolvia há anos, aqueles casos crônicos de clubes que nascem e
morrem a todo o momento, com um programa especial bem projetado e bem
executado. No dia seguinte tínhamos o clube lotado. Tenha em mente participar
sempre que possível dos programas da igreja: batismos, santa ceia etc.
Proponha-se a executar programas com o clube, não só o dia do desbravador, mas
também outros.
Um problema que muitas vezes dificulta o clube é a
divisão clube-igreja, que tem muitas causas. Entre elas podemos apontar: o
programa do clube é aos domingos e ocorre separadamente das reuniões da
congregação. É um programa para juvenis e adolescentes. É um programa técnico,
bastante diferenciado das demais atividades da igreja e que muitas vezes não é
compreendido pela igreja. Devido a esse caráter do clube de funcionar em dias e
horários e às vezes até em locais à parte da igreja, o diretor se sente muito
independente e não percebe que faz parte de um todo maior.
Portanto, faz-se necessário quebrar essa separação
e se promover uma integração ampla entre clube e igreja. Para isso é importante
o programa na igreja, com a igreja. Também pode-se convidar a igreja para
assistir à reunião do clube. É necessário divulgar os planos e pedir apoio,
ajuda e sugestões. Pode-se pedir a colaboração dos membros em uma ou outra
atividade não com o propósito de realmente trabalhar (o que também pode ser
feito), mas apenas para a pessoa acompanhar o programa e conhece-lo. Fiquei
sabendo de uma experiência de um irmão líder de igreja que sempre estava contra
o clube. Certa vez ele foi convidado para participar de uma caminha com o clube
fazendo companhia. Pelo que sei até hoje ele é um fiel colaborador do clube.
Também é essencial o clube acatar o programa da igreja e participar dele. Há
lideranças que querem todo o apoio da igreja para o clube, mas quando a igreja
lança um projeto, não há uma participação efetiva. Parece que às vezes a nossa
liderança vê o clube também de forma muito apartada da igreja, e que ele não
precisa colaborar e participar dela. Ou ainda há aqueles que percebem o clube
como um departamento superior, que merece a atenção da igreja, que a lidere,
mas que não precisa segui-la, que não lhe é subalterno. Tal visão é totalmente
deturpada e prejudicial ao clube e à igreja.
Para se promover esta integração também pode se
fazer relatórios à comissão da igreja, solicitar dela uma visita oficial e
submeter seus planos à sua apreciação. É necessário o respeito por esta
instituição oficial da igreja que infelizmente se constitui muitas vezes num
adversários dos clubes quando deveria ser o principal apoiador. Aqui também
está correta a afirmação de que é necessária uma verdadeira campanha de
divulgação e de convencimento.
Outro aspecto muito importante nessa questão da
promoção da imagem do clube dentro de sua comunidade imediata, a igreja, é o
relacionamento com os pais. Aqui, de novo é importante o líder compreender que
é preciso conquistar a simpatia e o apoio dos pais. Portanto este também é um
assunto de divulgação. Muitas vezes os pais não conhecem o programa ou os
objetivos dos desbravadores. Este deve ser um ideal, a conquista do apoio e da
simpatia dos pais. Vejo os clubes reclamarem do apoio da igreja, mas pouco
fazem para conquistar os pais. Deve-se informar-lhes tudo o que acontece e
também se prover oportunidade dos pais participarem de atividades com seus
filhos. Isto não apenas no sentido dos pais participarem no programa regular do
clube, mas que se tente outras oportunidades novas para encontro da família
promovidas pelo clube. O clube deve lutar para ter o maior número possível de
pais como colaboradores. Também deve trabalhar para que os pais percebam a
responsabilidade que lhe cai sobre os ombros no sentido de proporcionar o
funcionamento do clube. Ele deve perceber que é do seu interesse o sucesso do
clube, e deve se mostrar que ele é responsável por este sucesso. Na maior parte
das vezes os pais não vêm nenhuma responsabilidade sua para com o clube.
Deve-se trabalhar para que ele compreenda que grande parte dos custos do clube
deve ser assumida por ele, e muitas vezes ele deve contribuir com algum
serviço, mesmo que não de caráter permanente ou técnico.
Nesse contexto, de divulgação do clube no seio da
igreja e diante dos pais, é muito oportuno que se realizem apresentações,
demonstrações para dar conhecimento do trabalho e procurar se fazer a
integração entre esses setores. Também pouco praticado e de excelente resultado
é se fazer algum trabalho para a igreja. Por exemplo, aparar a grama do
canteiro, lavar a parede interna, limpar os vidros, etc. é algo que faz a
igreja ter um grande entusiasmo com o clube, principalmente se forem os juvenis
que executam este serviço.
2.3.
DIVULGAÇÃO NA COMUNIDADE
A divulgação na comunidade pode ser feita também
através de trabalhos comunitários e outras atividades como notícias para os
órgãos de imprensa da cidade, passeatas ecológicas, campanhas anti-tabagismo e
anti-drogas, auxílio em campanhas de vacinação, recolhimento e distribuição de
alimentos e roupas, visitas a hospitais, asilos e orfanatos, limpeza de praças
ou parques.
Essa divulgação pode ser feita com o uso de
folhetos divulgadores e explicativos sobre o clube quando de alguma campanha,
desfile ou apresentação. Ainda é importante utilizar os meios de comunicação
sugerindo a participação de entrevistas a respeito do clube ou a impressão de
matérias no jornal.
Por outro lado à visita às autoridades e o
oferecimento do clube para trabalhos comunitários é importante. Marcar presença
em determinadas datas e eventos é um fato em que deixamos muito a desejar.
Essas datas e eventos servem para reunir as forças vivas da sociedade, e muitas
vezes, na maioria dos casos estamos ausentes. Exemplos: posse de prefeito,
inaugurações, semanas festivas, aniversários de autoridades ou de comemorações
públicas. Nesse sentido é importante possuir um arquivo com os dados de pessoas
importantes e de instituições importantes para acompanhar aniversários e datas
de fundação e comemorações, sempre levando os cumprimentos necessários.
O relações públicas deve ser oportunista e estar
atento a eventos e promoções em que o clube pode participar e transformar em
divulgação, tais como: Semana da Pátria, campanhas assistenciais, eventos
esportivos, semana do município, dia de vacinação.
É imprescindível que o clube tenha o seu nome e
outros dados registrados em todos os órgãos do município, tais como: Prefeitura
Municipal, Câmara de vereadores, Clubes de serviço (Lions e Rotarys), conselho
Municipal da Criança e do Adolescente, órgãos de assistência social, bombeiros,
Liga de Combate ao Câncer, exército, mídia, Liga de Defesa Nacional, Secretária
de Educação, etc.
Também é importante não só depender de eventos dos
outros, mas criar oportunidades e eventos que possam projetar o clube. Por
exemplo, o clube cria uma campanha de limpar a cidade após as eleições,
torna-se uma tradição, após toda a eleição já se sabe que os desbravadores
estarão contribuindo com a limpeza da cidade retirando o material de divulgação
dos partidos políticos e candidatos. Acima de tudo é necessário percebermos que
não podemos apenas esperar as oportunidades, mas ir em busca delas. Muitas
vezes é necessário o procedimento constrangedor de nos oferecermos, pois não
somos convidados ou somos esquecidos. É necessário procurar as oportunidades e
criá-las quando elas não existem.
3. OBTENÇÃO DE RECURSOS
A obtenção de recursos é importantíssima para o
clube, realmente é um setor vital. Com a sofisticação da sociedade, as
atividades tornam-se cada vez mais caras e as pessoas cada vez mais exigentes,
de modo que o clube deve ter uma preocupação especial a esse respeito, o que na
minha opinião, muitas vezes não ocorre. Parece incrível, mas os clubes
continuam vivendo de vender quitutes e guloseimas, ou de sair a pedir doações
pelas ruas, o que é um absurdo do ponto de vista administrativo. É imperativo
que os clubes se conscientizem que é necessário um avanço muito grande nesse
sentido para que se viabilize o processo de crescimento do ministério dos
desbravadores, caso contrário, tal programa se tornará obsoleto e anacrônico,
por falta de recursos.
É importante se notar que a obtenção de recursos
depende diretamente da fase anterior, da divulgação e da imagem construída do
clube de desbravadores.
Para se obter o máximo de rendimento do dinheiro
de seu clube, elabore programas bons que procurem principalmente evitar o
desperdício e ostentação, sem contudo deixarem de ser atraentes, interessantes
e proveitosos. Isto é conseguido com um bem planejado orçamento, estudo
minucioso dos custos, das alternativas e das cotações dos serviços que serão
contratados e dos produtos e equipamentos a serem adquiridos.
Durante muito tempo estive em busca de uma
resposta para o problema financeiro dos clubes. Não consigo aceitar este modelo
adotado pelos clubes e que na verdade tem dado resultados como o ideal.
Acredito que mesmo ele sendo o que nos sustentou até o momento, no fundo ele
acaba cerceando o desenvolvimento dos clubes devido às imensas dificuldades financeiras
por ele impostas. Entretanto, não consegui encontrar nenhuma idéia mirabolante
que significasse a redenção financeira dos desbravadores. Na verdade não existe
uma receita pronta e também não existe uma fórmula única e definitiva.
Entretanto, cheguei a uma conclusão que parece ter sido a mais adequada e
efetiva, e fiquei satisfeito por este caminho encontrado. Na verdade as coisas mais
espetaculares, duradouras e eficientes muitas vezes são as mais simples.
Assim creio que a participação dos pais é fundamental no desenvolvimento
econômico dos clubes de desbravadores. Como se desenvolvem as empresas? Não é
cobrando dos seus clientes?! E as escolas? Não é pelas mensalidades recolhidas
em troca do serviço prestado. Assim devemos entender que o pai é o principal
interessado no desenvolvimento do clube e na participação dos seus filhos.
Alguns dirão que os pais não pensam isto, mas cabe a nós desenvolver uma
política de convencimento e promover o clube devidamente junto aos pais. Muitos
dirão que nossos pais são pobres, o que é verdade. Entretanto, a grande maioria
tem condições de participar, mas não o faz porque já se criou uma cultura que
no clube tudo é de graça, que se dá um jeito. Tenho visto muitos pais que não tem
condições de ajudar o clube, mas pagam excursões para os filhos na escola a
peso de ouro, gastam em outras coisas, mas para o clube nunca sobra nada. Não
devemos ser conformistas com isto. Acredito ser uma obrigação dos pais arcar
com uma boa parte das despesas de seu filho junto ao clube, de forma mais
regular e sistemática, por meio de mensalidades, carnês ou outras modalidades.
Creio que se os pais forem trabalhados, informados, com tempo e programação,
rapidamente nós teremos um bom sistema de obtenção de recursos. Mas idéia deve ser
vendida, deve fazer um processo de convencimento. Aqui de novo é necessária uma
campanha de divulgação e promoção.
Um bom método de obtenção de recursos é o de se
usar matrículas e taxas. Entretanto, quase sempre os
valores praticados são insignificantes, que pouco contribuem com a despesas do
clube. Em conexão com o comentado anteriormente, cremos que os valores deveriam
ser mais adequados à manutenção do clube. Entretanto, também deve-se ter o
cuidado com valores altos que impossibilitem o acesso daqueles mais
necessitados, o que daria um caráter elitista ao clube. A taxa tem outra
virtude, ensina responsabilidade. Se for semanal, isto é mais enfatizado, pois
o desbravador aprende a ter responsabilidade com aquele dever seu. Assim ele
está treinado o pagamento de suas contas e até, com a devida instrução, existe
uma educação para a mordomia da igreja, na devolução dos dízimos e na entrega
das ofertas.
Se nós colocamos a respeito da responsabilidade
também é necessário de se falar na responsabilidade da igreja, a promotora e mantenedora do clube (às vezes só no nome).
Muitas igrejas às vezes não têm nenhuma verba regularmente destinada ao clube,
o que é dever seu. O clube tem direito a uma parte das ofertas e deve com tato
e diplomacia pleitear essas verbas. Aqui de novo é importante o desempenho do
clube e a sua divulgação. Muitas igrejas não apoiam devido ao clube ser
deficiente e não apresentar bons resultados. Outras vezes, o que existe é uma
total falta de informação da igreja a respeito do clube, e por isso o descaso.
Também existe a possibilidade de o clube solicitar algumas verbas especiais ao
caixa da igreja, mediante a apresentação de um projeto que determine o destino
do dinheiro à comissão da igreja, por exemplo, para compra de barracas ou
fogões.
Também outra forma de se contar com a participação da igreja é
solicitar diretamente aos membros uma contribuição, em dinheiro ou outros
materiais. Este tipo de campanha geralmente dá bom resultado, mas não deve ser
muito freqüente. Para melhor aproveitamento, deve-se fazer um orçamento do
projeto e dividi-lo em cotas que fiquem acessíveis aos membros da igreja e
então visitá-los para fazer a solicitação, explicando o propósito e orando com
os irmãos. Deve-se ter um registro das doações a fim de demonstrar (e realmente
se efetivar) a organização e o cuidado do clube com seus recursos. Esse
registro pode ser feito em um livro contábil, ou livro de colabores. Também
será muito proveitoso o fornecimento de um recibo, mesmo que simples.
A recolta
fora da igreja é um ótimo método, pois muitas vezes se consegue um valor
bastante importante ao clube, também por termos muitas pessoas a quem recorrer,
pode-se fazer um uso mais longo desse método, variando os colaboradores. Para
isto deve-se visitar, de preferência uniformizado, aos colaboradores com
folhetos divulgadores do clube, fotos e informações com respeito ao trabalho do
clube. Este trabalho deve ser feito por membros mais adultos. Também a recolta
regular da igreja pode ser usada pelo
clube. Pelos seus trabalhos comunitários e assistenciais o clube faz jus a uma
parcela do excesso da recolta que retorna para a igreja. A comissão da igreja,
quando da organização da campanha de recolta deve fazer uma plano de aplicação
do excesso, programando como vão ser gastos esses recursos. Nesse planejamento
deve estar incluído o clube. Deve o clube participar ativamente da campanha de
recolta. Os desbravadores devem ser preparados e treinados sobre como fazer o
trabalho e saírem acompanhados e nunca sozinhos. Nesta oportunidade é
importante levar folhetos evangelísticos, explicativos da recolta e também
aqueles que divulgam o clube e seu trabalho. Deve-se anotar o nome e o endereço
nos formulários apropriados como garantia da lisura da campanha e também para
retornar no próximo ano.
Um outro método de recolta na comunidade é o de se
fazer pedágios em sinaleiras e estacionamentos. O valor deste método é
que se consegue muitas vezes um valor considerável de recursos em pouco tempo e
também divulga o clube. É importante que não apenas se peça uma contribuição,
mas que se venda algo que também sirva como divulgação do clube, como um
chaveiro ou adesivo para colar. Entretanto, este método também tem um lado
desfavorável: o clube pode ficar com uma imagem negativa, confundido entre
tantos pedintes que existem em nossas cidades. Por isso esse método deve ser
pouco usado e de forma bem planejada, para se obter bons resultados e não permitir esse problema de imagem. Não se
permita pequenos grupos de desbravadores trabalharem assim. O grande grupo
identifica melhor e diminui esse problema da imagem, pois demonstra ser uma
campanha e uma entidade organizada. Também é necessário se obter uma licença
das autoridades para fazê-lo, de forma especial se for usada à via pública e
sinaleiras. Existem cidades que não permitem esse tipo de campanha.
Outras formas podem ser adotadas para se obter os
recursos necessários: vendas, venda
de lanche em reuniões sociais, posto de verificação arterial (ter responsável),
participação em feiras de artesanato ou exposições industriais e agrícolas,
etc. Na verdade os meios que podemos usar são infinitos e dependem de nossa
criatividade e capacidade de trabalho.
A questão das vendas muitas vezes encontra algumas
dificuldades em algumas igrejas, o que não tem fundamento consistente. Na
verdade se o programa for bem organizado, se o clube tiver uma boa imagem e se
se fizer uma boa negociação com o pastor e a comissão da igreja, na maioria dos
casos os problemas se resolvem, às vezes com algumas concessões até bem
fundamentadas e importantes como não fazer venda na igreja, usar-se alimentos
vegetarianos ou produtos de acordo com nossos valores cristãos. Com respeito às
colocações da irmã White, elas devem ser compreendidas por uma visão de
conjunto de sua obra e não por textos isolados, assim se percebe qual o seu
principal objetivo.
Por último existe uma fonte de verbas muito
interessante e bastante rentável que é o acesso a verbas públicas.
Freqüentemente nos municípios existem verbas para clubes de serviço e agencias
comunitárias. Devem-se procurar informações nas câmaras de vereadores, nas
secretárias de ação social. Para isto é necessário o clube ser bem conhecido e
ter um currículo considerável de serviços à comunidade. Também são necessárias
providências de caráter legal: O clube precisa ter um registro (CGC e outros).
É importante notar que como um departamento da igreja o clube não pode manter
registro à parte. Deve-se apresentar um registro com a igreja, ou como
associado à ADRA. Esta fonte é excelente, pois as verbas são regulares e de
considerável valor. Vale tentar este caminho. Entretanto, algumas dificuldades
surgirão nesta opção como o registro, o tramite burocrático, a descoberta dos
verdadeiros canais competentes, a aprovação do poder público, mas vale a pena
tentar.
4.
ORÇAMENTO DO CLUBE
Como complemento a todo o sistema exposto,
divulgação, obtenção de recursos, deve-se organizar um eficiente orçamento. O
orçamente permite um uso mais racional e eficiente das verbas disponíveis,
assim como evita que alguns planos sejam frustrados por falta de recursos.
Assim com uma programação de entradas e de despesas pode-se administrar o clube
com maior sucesso, tendo disponibilidade de recursos para os investimentos
necessários.
A -
prever despesas:
1.
compra ou manutenção de barracas
2.
programas especiais;
3.
uniformes;
4.
acampamentos e camporis
5.
outros materiais;
6.
prêmios;
7.
viagens e transportes;
B -
planejar datas das despesas;
C -
estabelecer um cronograma de obtenção de recursos em virtude da programação das
despesas;
FONTES:
1. Manual de
Desbravadores. CPB.
2. Recomendações
para funcionamento dos Clubes de Desbravadores. Departamento de Desbravadores
da ASR, 09.95
3. Divulgação e
obtenção de recursos. Erson Leal Ramos. (fonte principal em grande parte aqui
transcrita)
:-?
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